Há homens que passam pela vida como quem acende uma lamparina na escuridão.
Iluminam.
Aquece.
Mostram o caminho.
Antônio do Bar era desses.
Não precisava anunciar sua chegada.
Ele já estava lá: na calçada, na praça, no sorriso de quem se sentia visto.
Era o tipo de homem que conhecia a cidade pelo nome das pessoas, e não pelos mapas ou estatísticas. Augustinópolis cabia inteira no coração dele e por isso, hoje, é ela quem sente o coração apertar.
Foi construtor de futuro sem fazer alarde.
Onde antes havia poeira, ele fez estrada. Onde faltava cuidado, ele ergueu posto de saúde.
Onde o silêncio pesava, fez escola e encheu de vozes e cadernos novos.
Transformou chão batido em praça viva, bola solta em estádio cheio, esperança solta em cidade que acredita.
Antônio não governava, conversava.
Não prometia, fazia.
Não pedia aplauso, acolhia gente.
E foi assim, sentado à mesa simples do bar que virou símbolo, que construiu alianças, amizades, planos e histórias.
Ali, entre um café, um gole de prosa e outro de sorriso, ele desenhava a cidade que queria deixar.
E deixou.
Não apenas no concreto das obras, mas nas almas que tocou.
Nas crianças que brincam na praça que ele sonhou .
Nas famílias que encontraram cuidado no posto que ele ergueu .
Nos passos firmes que caminham por ruas antes esquecidas.
Quando Amélio, com o peito rasgado, disse:
“Perco um amigo, um irmão, um líder.”
não falava por si apenas.
Falava por todos nós.
Porque Antônio não se vai.
Ele se espalha.
Nas lembranças de quem o viu chegar cedo, trabalhar duro, rir alto.
Nos causos contados ao entardecer.
Nas paredes da cidade que ainda ecoam seu nome.
Há homens que passam pela vida como quem acende uma lamparina.
Antônio foi mais que luz: foi farol.
E farol, mesmo quando a noite é pesada, continua aceso.
Por : Flávio Guimarães – Tocantins Atual Notícias

















