O Xadrez de Wanderlei: Entre o Cadeado do Palácio e a Porta do Senado

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O cenário político do Tocantins vive um daqueles dramas que misturam a frieza da lei com o calor da paixão popular. No centro dele, está Wanderlei Barbosa, uma figura que, paradoxalmente, parece ganhar força justamente quando as portas do poder lhe são fechadas à chave. Com todos os recursos negados e seu afastamento do governo mantido, Wanderlei se tornou um governante sem gabinete, um líder pelo avesso. Sua popularidade, ironicamente, não só resiste como floresce sob o sol inclemente da adversidade.

A pergunta que paira no ar, carregada de um misto de curiosidade e cálculo político, é direta: Wanderlei deve renunciar ao governo para se lançar candidato ao Senado?

À primeira vista, a jogada parece um lance de mestre. Renunciar não seria uma derrota, mas uma transição estratégica. Transformaria o afastamento forçado em uma retirada voluntária e com um objetivo nobre: buscar um novo mandato para servir ao povo tocantinense em outra esfera. No Senado, ele poderia continuar sua “obra”, longe das investidas jurídicas que o assombram no Executivo estadual. A popularidade alta seria sua principal moeda de campanha, e a imagem de “perseguido” ou “vítima do sistema” poderia ser capitalizada com maestria, criando uma narrativa poderosa de resistência e renovação.

Além disso, do Palácio à Candidatura, a renúncia lhe daria a liberdade que um afastado não tem: a de falar, de agir, de campanhar abertamente. Ele sairia da jaula processual para a arena eleitoral, seu suposto habitat natural. Seria uma fuga para a frente, transformando uma situação de fraqueza institucional em uma força política avassaladora.

No entanto, olhar para frente nem sempre significa correr para a próxima porta. A renúncia é uma faca de dois gumes. Por um lado, é a libertação; por outro, pode ser interpretada como uma admissão de culpa ou, no mínimo, uma fuga da batalha jurídica para travar uma guerra mais favorável. Seu adversários não hesitarão em pintá-lo como alguém que “fugiu” do problema, trocando a responsabilidade do governo pela ambição pessoal. O slogan fácil – “Abandonou o barco para salvar a si mesmo” – escreve-se sozinho.

Há também um risco calculado: e se, renunciando e candidatando-se, ele perder a eleição? Seria o pior dos mundos: sem governo, sem mandato, e com a aura de invencibilidade manchada. O afastamento, por mais incômodo que seja, ainda o mantém tecnicamente no cargo, como um boxeador no canvas que ainda não foi nocauteado. A renúncia seria o tapa na luva do árbitro.

O que a crônica do momento revela é que a decisão de Wanderlei Barbosa vai muito além de uma mera jogada eleitoral. É um teste de caráter e de estratégia. Significa medir o peso da popularidade contra a solidez da lei. Significa decidir se o melhor palanque é o do Senado ou o do próprio martírio político.

Aos olhos do povo, ele pode ser o herói injustiçado. Aos olhos da lei, um administrador afastado. A pergunta que Wanderlei deve se fazer não é apenas “posso ganhar?”, mas “qual legado quero construir?”. Renunciar pode ser o caminho mais rápido para uma vitória, mas permanecer na luta pelo governo – mesmo à distância – pode ser a narrativa de um homem que não foge da raia.

O Tocantins observa. E o tabuleiro político aguarda seu próximo movimento.
Parado ele não pode ficar- como assessoria eu agilizaria hoje e não amanhã- todas as jogadas lícitas, democráticas e legais.

Opinião:
Jornalista e empresária Silene Borges

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