A ocasião não faz o ladrão.

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O centro da cidade, numa manhã de sábado, é um palco onde milhares de histórias se entrelaçam. O barulho dos carros, os gritos dos vendedores e a pressa formam uma sinfonia cotidiana. No entanto, é nesse fluxo apressado que pequenos desvios acontecem. Um celular esquecido na mesa de um café, por exemplo, é um lapso de alguém apressado. Dezenas de olhos o veem; alguns o ignoram, outros não percebem a distância entre a tentação e a escolha. Ali, em segundos, surge um dilema antigo: o que fazer com algo que não nos pertence, mas que a sorte parece ter colocado à nossa frente? É comum dizer que a ocasião faz o ladrão, mas essa máxima talvez justifique mais as fraquezas do que a realidade. A ocasião não faz o ladrão, apenas o revela. O mesmo celular pode ser deixado diante de cem pessoas, e em algumas despertará indiferença, em outras, o impulso de devolver. Mas haverá quem escolha se apropriar do bem alheio. A oportunidade é a mesma; o que muda é o que cada um carrega dentro de si. A ocasião, portanto, não faz o ladrão; ela arranca as máscaras e demonstra como as pessoas são. O honesto não se torna desonesto por uma porta aberta. Da mesma forma, quem já carrega a semente da desonestidade precisa apenas de uma oportunidade para que sua intenção floresça. Um filósofo diria que nas pequenas decisões se revela a grandeza ou a ruína de um homem. Um jornalista observaria que muitos crimes nascem de ocasiões triviais. Já o poeta talvez enxergasse na cena um instante de espelho. Não é o celular, a carteira ou a porta aberta que contam a história, mas sim o coração humano diante da liberdade de escolha. No fim, entre a pressa das ruas e os objetos esquecidos, resta uma pergunta: Quem somos nós quando ninguém está nos observando?

 

– Por: Silene Borges 

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